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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A melodia da vida


Penso que as pessoas devem odiar o amar, apenas por não entenderem seu real significado. A humanidade continua a se afundar em verdadeiros massacres existenciais, persistindo na indiferença de olhar o amor como algo desprezível, que não lhe acrescenta grandes feitos. A meu ver, a melhor forma de despertar o sentimentalismo adormecido é através da música. Uma melodia, uma voz adocicada ou um acorde instrumental são capazes de nos levar ao interior do que realmente somos, ou do que pretendemos ser. Para mim, ser músico é compreender a linguagem dos anjos, e assim, alcançar dimensões jamais visitadas, que por algum segundo foram conceituadas como abstrações, mas se superaram ao encontrar com a alma daquele que tenta, a qualquer circunstância, ser feliz.
Não consigo imaginar uma vida sem música. A harmonia que ela nos trás é como se passássemos por uma torrente que, posteriormente, se desfaz em milésimos de segundos. Melhor que isso: a música desperta, dentro do ser, a esperança de que a vida sempre é a melhor escolha, por mais destrutiva e injusta que possa parecer, transformar a rotina angustiante em um espetáculo musical é a pulsão que nos motiva e revigora, a sempre levantar após cair.
A música funciona como aquele baú antigo. Podemos passar anos sem ouvi-la, mas ela foi criada há um determinado tempo e registrada. Está lá! Guardada com todo zelo, pronta para ser aberta e admirada. Todo artista venera a sua obra.
Quero ser a compositora dos caminhos, desejando ouvir cada nota com os ouvidos de meu coração, ao perceber que meus desejos não são tão errôneos ou absurdos como aparentam. Nunca desejei viver tão ardentemente como agora, pois sinto que minhas músicas me preenchem. Já não sinto o mesmo vazio sufocante, e até posso me transportar para terras onde meus olhos não conseguem alcançar.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Felicidade




   Eu só queria entender quando serei feliz. Mas o que é ser feliz? Posso ser alegre com as coisas que tive até hoje? E porque tantas pessoas ligam a felicidade às conquistas? Momentos que da mesma forma que vêm, irão? Consegui ultrapassar tantas pontes e vencer tantas guerras, mas ainda não encontrei a felicidade completa. Sou sincera em dizer que a minha felicidade não está nas pessoas, mas em mim mesma. Descobrir a faísca que existe na minha alma, o motivo que me impulsiona a levantar pela manhã, é o que mais rogo, mas o que fazer se ainda não fui amada? Meus amores não foram os que sonhei, os que me davam o prazer de me sentir uma donzela, pura, importante e merecedora. Meus amores me magoaram... e muito, diga-se de passagem. Por um instante eu já quis nascer de novo, e com um manual de instruções, prático, sobre "como ser uma pessoa difícil". Percebem como ser difícil instiga? Sedução saudável, que aquece cada novo dia, em poder sentir o friozinho na barriga de imaginar como vai ser, o que receberei, ou o que ganharei por meus próprios méritos.
   Recebi várias negativas, de pessoas que deixei entrar, sentar, bater um bom papo, beber da mesma água que bebia, para, em seguida, partir, silenciosamente, e nunca mais voltar. Impressionante como o tempo se encarrega de curar tantas feridas, mas o que fazer com aquelas que cicatrizaram e foram novamente abertas? Seria minha culpa permitir que a estaca se cravasse no mesmo lugar? Sim...
Mas há uma mudança, uma nova história pode ser escrita. Eu tenho uma caneta, um papel em branco, uma janela, um céu, uma brisa...e um espelho. O autorretrato se inicia. Um retorno às raízes e às falhas cometidas. Um sussurrar sem medo, que aflora cada iniciativa de saber que é possível chegar no lugar do qual jamais parti.
   O território de minha emoção foi desvendado...culpas, medos, receios, tudo é guardado. Eu quero a segurança, a magia, o equilíbrio e a motivação de continuar a escrever e criar.
Serei a cientista. Estudarei cada nova fórmula de como retornar, perseguindo meus erros, buscando as respostas, recriando a felicidade escondida. Desvendarei cada novo dia, porque nada é impossível, mas amedronta ainda. O humano é falho, traiçoeiro e inibidor. Por mais que eu queira, não quero sangrar de novo. Meu coração pulsa, pede, grita, chora, mas eu preciso tentar. Conseguirei...estou indo de volta pro começo. Meu coração é meu solo, casa, companhia, e força.

sábado, 27 de agosto de 2011

Resistindo ao ódio de amar


   Eu não quero ser igual às demais. Eu rejeito cada segundo que me é dado como condição para absorver crenças que não me engrandecem. Eu recuso a consciência "cega", opressora e pessimista. Eu quero uma simplicidade promissora, fortificante, contagiante e amena. Quero o amanhecer como acalento. Preciso do sol que clareia o caminho distante e desconhecido, mas não temo seus horizontes. Além de meros limites, para mim, são sinais, semelhantes à faróis das promessas de Deus para nós! Quem jamais se achou à mercê de vazios que pareciam insuperáveis, ou de correntezas que os levavam para longe? Prefiro continuar na nostalgia de imaginar que eu precisava ter ido ao "longe". Talvez se esse longe nunca tivesse existido eu continuaria a me enganar que a felicidade estava aqui, na quietude, no conformismo e no cotidiano entediante, que nos transforma em criaturas gélidas.
   Mas não, a felicidade é tão engraçada que ela sempre começa na tristeza! Eu não poderia ter a certeza de conhecê-la, a alegria, se não tivesse que cair tantas vezes e me machucar. Quão confortante é sentir o alívio depois da dor. Sem ela, estaríamos sujeitos a acostumarmos com passar apenas pelas vitórias. Eu preciso das perdas, eu quero a sofreguidão da vida, que me motiva a criar forças em achar a superação.
Linda música que diz "você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui. Percorri milhas e milhas antes de dormir, eu não cochilei. Os mais belos montes escalei e nas noites escuras de frio chorei." Por isso, é que preciso agradecer todos os dias pelo frio que já senti, e pelo esforço em subir o mais alto dos montes, pois mesmo chorando, sabemos que nossas lágrimas serão enxugadas e nossos corações serão tranquilizados.
   Eu já não me incomodo com o que preciso, mas com o que desejo. E se essa vontade for graça dos céus é certo que aceitarei e lutarei. Por mais que venha a dor, eu já não a temo, enfim, eu consigo agradecer cada derrota. Toda aflição me é bem vinda, pois por trás da tempestade vem a calmaria, por trás das desilusões do mundo eu encontro o meu Senhor, Jesus!
As pessoas continuam a odiar o amar, por não saberem o que ele realmente é. Amar é estar em sintonia com o mundo, buscando a semelhança ao Senhor, seguindo seus mandamentos, orando, sendo caridoso, humilde com os irmãos e tendo fé. Não basta apenas caminhar, é preciso acreditar que se chegará ao final, com a consciência de que a estrada não é fácil.
   Mas Deus nos monitora. O mundo é tão cheio de surpresas. Ufa, ainda bem! Chatice seria uma rotina predeterminada, um coração programado, um gesto calculado ou um olhar limitado. Meu Deus, eu preciso de muito mais que palavras formadas, preciso me surpreender com as ocasiões. Porque o que me é oferecido já não pode mais ser "mastigado", a ponto de ser digerido.
   Peço-vos que me oriente a enxergar o que não vejo, a imaginar o que ainda não chegou e a sentir o que ninguém jamais sentiu. Eu sonho em vir a ser o amor, não apenas vê-lo como propriedade material, conquistada. Ele precisa estar em cada um dos sobreviventes desta guerra, para que, munidos de compaixão mútua, possam ser escudo e frente de batalha no combate espiritual.

domingo, 19 de junho de 2011

Construindo muralhas


  Começar um relacionamento é a coisa mais difícil que existe, agora, terminar qualquer tipo de união ou vínculo, seja ele de amizade ou de amor, é extremamente fácil. Uma única palavra pode por tudo a perder, ainda mais quando um dos envolvidos é da classe dos "sentimentais". Eu sou assim, pelo menos, eu penso que sou assim. Um acontecimento de décadas atrás pode se tornar um fantasma de meus pensamentos, eu guardo tudo mesmo! Deve ser por isso que prefiro seguir a idéia de "nem começar". Podem me achar drástica, mas é o que sou. E é por isso que está mais do que na hora de passarmos a olhar os relacionamentos do aspecto "ser". Descobrir o que o outro é, daí se desenrola o amor.
   Deitada no sofá da sala, num dia de domingo, fiquei refletindo sobre os círculos de convivência humana. E, na mesma hora, me vieram a tona imagens da natureza. Os animais irracionais devem ser bem mais felizes do que inúmeras pessoas por aí afora, que preferem "comprar" ou "exigir" o amor de alguém que lhe chamou a atenção. Amor é cultivo, cuidado, paciência. Os animais fazem isso, e creio que não sofrem, não mais do que eu já sofri.
   Dá trabalho? Sim! Ninguém disse que seria fácil achar alguém pra dividir suas coisas pro resto da sua vida, e eu considero, que esse alguém precisa ser quase perfeito a ponto de ser suportado por uma mulher exigente e sistemática. A maioria das mulheres são assim, metódicas! Comparam laranjas com maçãs. E acho que quem tem que mudar aqui não somos nós, mulheres. Não acham?
Porque, é essencial sim ter alguém. A realização do indivíduo é ser relevante para outro, seja ele sociedade, família, igreja, escola, trabalho, e eu acredito que o "outro-família" é o que mais nutre nossos vazios de amor. Hoje eu vi um olhar sincero, ao ver um pai olhar carinhosamente pra seu filho, no colo da mãe.
   Penso que o amor pode ser como um trabalho qualquer. Você pode criá-lo do jeito que você quiser. Agora, se ele vai durar pra sempre, ou será apenas mais uma brincadeirinha de jovem, aí depende de cada um. Duvido que esses casamentos eternos tenham surgido em boates, shows, curtições. Lugares assim não foram feitos para encontros de "almas", mas são perfeitos para a alienação. Não quero dizer que todos os lazeres do mundo atual nos fazem mal, mas é necessário uma visão crítica sobre o que há de bom na noite.
   Eu não quero construir uma muralha entre mim e o amor, eu só não quero ser uma desbravadora dos corações alheios. Quero que ele venha até mim da forma mais amena, simplesmente porque ele quis chegar, sem cobranças, sem imposições. Isso não é ser apática e nem é querer criar um modelo de amor. Mas sim, permanecer a esperar uma pessoa, que resolveu se aproximar pois viu em meus olhos aquela que sempre sonhou em ter para sempre.

sábado, 4 de junho de 2011

Quando sou fraco, é que sou forte



   Queria acordar pela manhã e sentir a presença de Deus, pelo menos ouvi-lo. É sofrido abrir os olhos, e começar um novo dia, percebendo a correria que você terá que enfrentar lá fora. Queria levantar e ver que posso ouvir apenas o cantar dos pássaros, o sopro dos ventos, o escorrer das águas da chuva, o silêncio, a paz, e ter a certeza que eles jamais me farão mal algum. Tudo é belo quando silenciamos o coração, quando passamos a ouvir o sopro de vida que insiste em continuar através dos fatos que se calam!
   Mas não vou mudar nada, entretanto, fico por aqui, imaginando, programando o próximo dia. Pelo menos posso escolher a próxima música, a nova cor, o novo gesto, a frase a ser dita pro "alguém". Em tantos ruídos espalhados nessa cidade, eu consigo isolar aqueles que me agradam, enquanto os outros vão formando um plano de fundo das emoções adormecidas. Já não me afetam. Porque passo a vê-los como poeira derramada, que não fazem sentido algum em existir.
   Mas existem...e não sou eu que vou jogar a poeira fora! Talvez elas tenham a parcela de significância que merecem. Mas quem vê isso? Poucos. Tão bom ser pouca, observar o pouco, lembrar do pouco. É esse pouco que me constitui, e do qual não me separo! Manterei esse meu jeito, de lembrar do pedaço que falta, mesmo que este pedacinho não mude em nada minha vida, mas foi por causa dele que um dia senti saudade.

sábado, 28 de maio de 2011

Preciso me Encontrar


Hoje cheguei ao final do dia em meio ao sofrimento, por descobrir que o amor não é meu melhor amigo. Eu o procurei a cada segundo vivido, e não consegui achá-lo, mas agradeço mesmo assim. Agradeço porque eu não quero amar, mas preciso perceber que ele existe. Apenas para acalmar essa vontade louca de gritar, de subir na colina mais alta, apenas para voltar a respirar, pois a angústia da espera me sufoca.
Eu não queria versos, canções, rostos, sorrisos...eu quero paz! Clamo a tranquilidade que insiste em se afastar de mim. Quero o sabor do novo, da conquista, da descoberta, porque ainda há muito a se viver. Eu não alcancei nem o primeiro degrau e já quero tocar o céu. Não entendi o porquê de me virarem as costas, mas não são essas atitudes que farão mudar o que verdadeiramente sou. Eu nasci assim! Difícil seria se eu quisesse remodelar o sal da terra, ou acalmar as torrentes enfurecidas. Mas não! Eu só queria que alguém falasse sem pronunciar palavras, porque elas não tem efeito algum nesse último segundo. O que mais preciso são dos seus gestos, do seu caminhar. Agradeço por cada milímetro andado ao meu lado, por cada força empregada ao tentar deslocar um objeto de um canto ao outro, só porque ele impedia a minha passagem, por cada esperar ao meu lado, pelos abraços seus. Obrigada.
Sim, eu lhe abandonei pelo progresso. Eu desisti de você porque pensava apenas em números, fórmulas, teorias, abstrações. Não sabia ainda que a maior descoberta estava no teu coração, renovado a cada amanhecer, nas vezes em que eu batia a sua porta apenas para lhe acordar, e te ver sorrindo com sono a me olhar.
Não, não vou procurar você nos outros, eu apenas parei, e sigo confiante os caminhos que me levarão ao começo. Afinal de contas, um dia nos reencontraremos lá. Usarei todo o meu sentimentalismo na escolha dos próximos livros a serem lidos, e dos projetos a serem postos em prática. Seu nome não aparecerá nas folhas, mas não preciso dele. Hoje ele se faz mistura de tudo que me distanciou um dia da felicidade. Quem sabe, eu não estaria mais aqui! Quem sabe, aquele encontro na pacata rua de uma cidade atordoada foi proposital para que eu pudesse despertar do estado inebriante e conformado no qual me situava. Amar não era aquilo, não é isso, não é fim. Amar é ser!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Amar é se permitir humanizar



De repente sua consciência muda. Os fatos que, anteriormente lhe eram agradáveis, se tornam demasiadamente irritantes. Seu coração se fecha a uma realidade que não lhe parece ser a melhor saída, e a única alternativa torna-se voltar ao começo. Sim, a destruição do coração humano é tão incoerente com seus ideais, que a melhor resposta para qualquer aflição se centra na capacidade de reiventar-se a cada dia. Despir-se da vestimenta antiga e assumir uma nova condição é se entregar à humildade. Aliás, o caminho pra tudo na vida começa pela humildade. É notório dizer que as pessoas preferem viver seus abismos racionais e materiais, ao invés de se encherem do amor incondicional. Amar incondicionalmente, sentimento intrínseco humano, se desagregou de nossos comportamentos e, por isso, toda a calamidade que estamos presenciando deriva desta situação. Ter esperança supera nossa calma. É difícil contrariar nossos desmantelos, reerguer-se em meio à destruição, esperar algo que não se vê e, muito menos, acreditar em pessoas que apenas nos apunhalaram enquanto estávamos desapercebidos, atordoados com nossas ilusões de acharmos que sozinhos seremos mais que completos.
Pensar no outro como objetivo de nossos trabalhos é aprimorar-se, ganhando recursos que não se encontram nos cofres ou prateleiras de comércio. Construir o amor independe de qualquer investimento ou categoria profissional. Então, subtende-se que para amar não é preciso formas, conceitos, graus ou posses. Envolve o agir "humanamente", condição que nos é dada gratuitamente. E como tem sido complicado "ser humano" nos dias de hoje. Acredito que humanizar é uma das formas de se trabalhar mais discutidas e estudadas durante a vida, e mesmo com todo o interesse e empenho em colocá-la em prática, parece-me contraditória a persistência do que seria "a burrice do homem moderno". Eu quero ser diferente, não prometo conseguir toda a resolução do que me aflige, mas quem sabe, abrirei um espaço para que a fagulha de amor no coração das pessoas possa reascender!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Eu e você



Tudo vai passar, eu sei. Mas a espera pelo desenrolar do sonho é sofrida. Todos os dias eu me deparo com várias incertezas, principalmente se eu serei realmente feliz. Felicidade é um conceito variável. Posso dizer que felicidade é apenas sorrir, mas isso não é definido por estados de humor. Minha alegria é quase um dilema existencial. Não quero "momentos felizes", pois, se assim serão, eu os deixo reservados para qualquer admirador dos prazeres saciáveis! Quero uma felicidade inatingível, rebuscada, elaborada, perfeita e semelhante ao que sou. Quero olhar no fundo de teus olhos e te dizer o quanto me fez falta. Mas agora és tudo! Tudo com o que eu podia sonhar ou imaginar se concentra em tua alma, teu agir, teus gestos, tua voz, tua pele, teu afago. Serena me tornei, porque é fácil abrir mão das coisas que tenho por você. Basta te olhar para decidir! Teu jeito doce de ser, você não muda, não se deixa influenciar pelo mundo, nem pelos teus deveres. Eu quero você pra mim, e não há razão alguma nas impossibilidades de continuarmos a nos negar. Você é acalento de outrora, raio do crepúsculo, fortaleza que revigora o dia. Eu caminho porque aprendi a te seguir, eu amo porque aprendi a te beijar, eu choro porque sinto teu coração no meu, eu espero porque sou a paciência do teu retorno, sou feliz em pensar no dia que teremos uma terceira pessoa, que surgirá após nosso encontro! Feito do mais puro amor. Fica comigo e me faz completa!

sábado, 30 de abril de 2011

Há Tempo



Não sei onde se esconde a minha alma. Eu nem ao menos sabia que papéis com letras poderiam se transformar em janelas, que chegam aos confins dos seres, e após isto se abrem a um mistério intrigante: o de sentir-se como um ser único e vivente, mas que clama por felicidade. Eu não posso ouvir comparações ou histórias alheias, porque elas não serviriam para mim, mas sou movida por estes casos. Há quem diga que não se pode ser comparado, mas se não o formos, nos tornamos objeto ilusório, dissociado e capaz de transpor barreiras que não nos levarão a lugar algum. Eu queria sim, ser comparada todos os dias, aos grandes filósofos da antiguidade e vida contemporânea. Porque são deles que fui feita. Foram de seus questionamentos que passei a entender porque existo e para onde vou. Assola-me o medo, de conseguir pensar em um mundo melhor e mais justo, mas que precisará sucumbir até ressurgir. Eu não queria me infiltrar neste problema. E quantas mazelas restarão para serem salvas depois disto. Eu nem consigo calculá-las. Resta-me angústia, incerteza, sofreguidão, destruição... de novo, de novo. Um carro corre, gritos de terror, uma criança chora, um sino toca. É chegada a hora. Esse é o momento. Estou pronta, e não posso parar. Deus me chama.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Prefácio: Noções da Vida



Minha inspiração para a construção deste livro foi alcançada com uma permanente curiosidade sobre o desenrolar da vida. Há algum tempo me interesso pelas questões existenciais humanas, a ponto de, quando ainda criança, olhar minha imagem refletida no espelho e pensar: “Um dia morrerei, e para onde irei?”.

Parece até irreal, mas minha mentalidade durante a infância funcionava como a de uma filósofa em potencial. Minhas brincadeiras giravam em torno de papéis encantados, como o de querer formular poções mágicas que, certamente, serviriam para o alcance da vida eterna, ou simplesmente, para minimização do sofrimento Terreno.
Caracterizar o que me motivou, até agora, para a incansável busca dos meus sonhos é quase um desafio. Colocar no papel descrições de sentimentos e desejos pessoais é algo surreal. Nem mesmo os estudiosos da filosofia, teologia, psicologia, psiquiatria e demais ciências da mente são capazes de traduzir o que fortalece as ações humanas.
O estudo do comportamento é o mais intrigante em minha jornada. Sempre comentava com meus amigos que o guardava dentro de um “baú de tesouros”. Encontrar os caminhos que me levariam a estudar tais mistérios (encontrar o baú) não foi tão complexo. A meu ver, difícil mesmo foi achar a chave certa. Aquela que me conduziria a entender a Ciência do Impossível.
Quando concluí o curso de Enfermagem, iniciei uma fase da vida que tudo a meu redor me fazia sentir a própria Mulher-Maravilha. Não encontrava um obstáculo sequer, nem incertezas nos caminhos. Passei a atuar com ousadia, coragem, esperança, amor e, acima de tudo, fé no impossível. Percebi que com tais atitudes meus desejos se transformariam em objetivo fixo, revigorado. Passaria a ser fato incontestável em meu eu interior. O poder do querer é sim, a Ciência do Impossível.
E quantos pelo mundo afora já se esqueceram de sonhar, de buscar o impossível? Enquanto forem perpetuadas as vontades humanas benignas; enquanto um deseje amar o outro; enquanto um sinta prazer em transpor barreiras; enquanto um salte abismos de desafios; enquanto um lute pela vida; enquanto um faça palhaçadas para ganhar um sorriso; enquanto um crie uma nova melodia; enquanto um movimente centenas de outros em prol de um ideal; enquanto um faça outro perder o medo do escuro; enquanto um estiver inquieto, pensando no que fazer para melhorar o mundo amanhã; aí estará a harmonia vital. Vitalidade. Ser vivo. E estar vivo é acreditar que tudo se pode, se tiverdes fé.
Viver é escolha. E escolher viver nos põe em uma condição de saber o que nos motiva a levantar todos os dias pela manhã. É fácil seguir o curso natural das coisas, e se colocar em um lugar que nada mais precisa ser feito. É fácil ouvir os que já viveram bastante, e se sentir satisfeito em copiar seus trabalhos, ou simplesmente deixar que a vida se encarregue de colocar-lhe em uma condição favorável. São opções. Mas, me parece conveniente buscarmos um caminho diferente, um caminho que sobrepõe toda a satisfação do corpo biológico. Eu escolho esse novo trajeto. A busca pelo sentido existencial, pela motivação de apenas ser vivo.