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domingo, 27 de setembro de 2015

Céus

 

   Céus e Terra são amigos distantes. Se conheceram em tempos remotos, época na qual ainda se podia escrever sob a penumbra da Lua, sem receio de despertar a cobiça de algum olhar lisonjeiro, porém pretensioso. As pedras serviriam de apoio, base para ideais ou sustentáculo da própria vida. Elas negariam a si mesmas o repúdio advindo de seus companheiros mais favorecidos, agraciados com o fôlego da vida. Mesmo assim, foram suplantadas pelo êxito de sua formosura, embora, aos olhos dos demais viventes, continuassem elencadas ao rol do anonimato, destituídas de um significado mais celestial e profundo.
    É de bom grado contemplar o céu e avistar a nova possibilidade de ascensão espiritual. Como uma tábula em mãos, nos servimos da dádiva de poder reescrever uma nova teoria cósmica. Inicia-se a Suprema Corte. Céus e Terra em um majestoso e inebriante encontro. A superfície lunar como um rascunho do que ainda está por vir, em atrito com a Luz emanada do Grande Astro, protetor e defensor. Um espetáculo meticulosamente redigido para a euforia dos corpos ébrios.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Passarinhando

   Eu gosto do cantar dos pássaros. Quando eu era criança, no abrigo de casa, costumava deitar no chão frio do quintal e não pensar em nada, apenas acompanhar a linda composição entoada, até chegarem mais e mais passarinhos, uns batendo nos outros, disputando os melhores lugares nos galhos, ou quem sabe, apenas descobrir um novo grupo. Naquele tempo eu notava apenas a cor das plumas, e o voar desajeitado de alguns, mas agora, trazendo a cena um pouco pra realidade, eu acredito que o homem não esteja muito longe dos pássaros. Eles anseiam por liberdade, assim como nós. Não aquela que apenas o remove dos grilhões, mas uma liberdade que solte as mordaças e permita um cantarolar solto e tranquilo, como o daquelas aves que eu dizia serem minhas amigas. E ainda são. Basta olhar para o céu e ver como elas me acompanham aonde quer que eu vá.


terça-feira, 7 de julho de 2015

A chama inextinguível



 Ah, as pessoas...quem nunca desejou adequar-se às exigências do mundo moderno em favor do orgulho de alguma conquista para suprir déficits em outros espaços? Até quando nossa intolerância sombria frente aos mais variados cenários nos reduzirá a mesquinhez de um sentimento unitário e iníquo? Não é o que o corpo carrega ou produz, mas o contentamento da alma que se liberta, imerso na euforia de contribuir, que aprimora o que somos. Minha dádiva é a amplitude desse espaço azul. Chegada a noite eu repouso e conquisto o deleite de sonhar, me hipnotizar com as estrelas em seu fabuloso processo de formação, cuja grandeza é vista em todos os cantos do universo. Assim são as pessoas. Precisam ser vistas. Nesse intrincado de quereres, a legítima admiração constrói-se de dentro pra fora do ser, aos poucos. Visto que as estrelas demoram anos para se formarem, a virtude admirável e quase inalcançável para a maioria chama-se paciência.
 As luzes da rua, incessantemente, iluminam nossos passos. Permitem que as pessoas deslizem com exatidão pelos caminhos, não podendo, assim, jamais, serem apagadas. Uma luminária de rua cumpre definitivamente seu papel quando encadeia olhares, tornando-os verdadeiros reflexos, de nós com os outros, da essência boa que ainda temos, não cansando de propagar-se, ensinando que o caminho é um só.