Powered By Blogger

domingo, 30 de setembro de 2012

Noções da vida




Minha inspiração para a criação deste blog foi oriunda de uma permanente curiosidade sobre o desenrolar da vida. Há algum tempo me interesso pelas questões existenciais humanas, a ponto de, quando ainda criança, ter o impulso de olhar minha imagem refletida no espelho e pensar: “Um dia morrerei, e para onde irei?”.
Parece surreal, mas minha mentalidade durante a infância funcionava como a de uma filósofa em potencial. Minhas brincadeiras giravam em torno de papéis encantados, como o de querer formular poções mágicas que, certamente, serviriam para o alcance da vida eterna, ou simplesmente, para minimização do sofrimento Terreno.
Caracterizar o que me motivou, até agora, para a incansável busca dos meus sonhos é quase um desafio. Colocar no papel descrições de sentimentos e desejos pessoais é algo inestimável. Nem mesmo os estudiosos da filosofia, teologia, psicologia, psiquiatria e demais ciências da mente são capazes de traduzir o que fortalece as ações humanas.
O estudo do comportamento é o mais intrigante em minha jornada. Sempre comentava com meus amigos que o guardava dentro de um “baú de tesouros”. Encontrar os caminhos que me levariam a estudar tais mistérios (encontrar o baú) não foi tão complexo. A meu ver, difícil mesmo foi achar a chave certa. Aquela que me conduziria a entender a Ciência do Impossível.
Quando concluí o curso de Enfermagem, iniciei uma fase da vida que tudo a meu redor me fazia sentir a própria cientista. Não encontrava um obstáculo sequer, nem incertezas nos caminhos. Passei a atuar com ousadia, coragem, esperança, amor e, acima de tudo, fé no impossível. Percebi que com tais atitudes meus desejos se transformariam em objetivo fixo, revigorado. Passaria a ser fato incontestável em meu eu interior.  O poder do querer é sim, a Ciência do Impossível.
E quantos pelo mundo afora já se esqueceram de sonhar, de buscar o impossível? Enquanto forem perpetuadas as vontades humanas benignas; enquanto um deseje amar o outro; enquanto um sinta prazer em transpor barreiras; enquanto um salte abismos de desafios; enquanto um lute pela vida; enquanto um faça palhaçadas para ganhar um sorriso; enquanto um crie uma nova melodia; enquanto um movimente centenas de outros em prol de um ideal; enquanto um faça outro perder o medo do escuro; enquanto um estiver inquieto, pensando no que fazer para melhorar o mundo amanhã; aí estará a harmonia vital. Vitalidade. Ser vivo. E estar vivo é acreditar que tudo se pode, se tiverdes fé.
Viver é escolha. E escolher viver nos põe em uma condição de saber o que nos motiva a levantar todos os dias pela manhã. É fácil seguir o curso natural das coisas, e se colocar em um lugar que nada mais precisa ser feito. É fácil ouvir os que já viveram bastante, e se sentir satisfeito em copiar seus trabalhos, ou simplesmente deixar que a vida se encarregue de colocar-lhe em uma condição favorável. São opções. Mas, me parece conveniente buscarmos um caminho diferente, um caminho que sobrepõe toda a satisfação do corpo biológico. Eu escolho esse novo trajeto. A busca pelo sentido existencial, pela motivação de apenas ser vivo.
A teoria das necessidades humanas básicas de Maslow determina como a pessoa se move na vida, desde o preenchimento das necessidades básicas até os níveis mais superiores, com meta final de integrar o funcionamento humano e obter a completa saúde. Este aspecto é pilar fundamental da Enfermagem e direciona todo o seu trabalho.
Partindo deste conceito, resolvi entender, com mais profundidade, a teoria de Maslow, pois desde que a conheço acredito que seus argumentos são a base para a felicidade humana. A teoria das necessidades humanas básicas surgiu de uma percepção clara sobre o que nos torna satisfeitos, e o que fazemos quando esta satisfação não é alcançada.
Existe uma hierarquia, níveis de prioridades para aquilo que desejamos. A fome, por exemplo, é uma sensação primária. Não conseguimos desempenhar nenhuma outra tarefa se não nos alimentamos adequadamente. É nossa reserva energética que precisa ser mantida. Poderíamos citar também os cuidados relacionados à higiene corporal, necessidade de sono, e tantos outros que, do ponto de vista físico, não poderiam jamais serem deixados de lado.
Os níveis seguintes, citados por Maslow, envolvem a segurança ou seguridade; pertencimento e afeição; estima e auto-respeito; e a auto-realização. Pode-se observar que estes quatro níveis restantes não poderiam existir se o indivíduo vivesse em um total isolamento. Diga-se de passagem, que a necessidade fisiológica é instintiva, e nos mantém apenas vivos, diferentemente das necessidades superiores anteriormente mencionadas, que nos impulsionam à felicidade.
Chegamos ao propósito deste blog. Como alcançar durante nossa curta e intensa trajetória todos os níveis esquematizados por Maslow? De que forma a sociedade contemporânea interfere nessa busca? Existem pessoas felizes apenas por estarem com os pés nos primeiros degraus da hierarquia, ou idealizam o alcance da auto-realização pessoal? Chegar ao topo é utopia ou fato incontestável? Basta acreditarmos, e nos engajarmos na assimilação de algumas técnicas, que formam o leque das noções da vida.

sábado, 8 de setembro de 2012

Desencontros


   Escrever o que emana do íntimo em festa, por encontrar nos resquícios da sombra, na penumbra gélida de um corpo que busca por sua alma perdida, uma ponta de calmaria. Há quantos anos lutei por acreditar que estou a mesma. Que nada foi roubado, quebrado ou enganado. Que os rodopios da vida não me fizeram arrancar fragmentos do que jamais encontraria em prateleiras: meus dons esquecidos, minha luz abafada, eis-me aqui. Eu poderia desenganar alguns tolos e precipitar-me em medo, ou furor, manifesto de uma menina que perdeu tudo em tão pouco tempo. Parecia uma guerra. E era! Liguei a televisão e pude ver tudo ruir, junto comigo. Eram tantas perguntas, que apenas cabiam nas lágrimas. Era isso, e ponto.
   Passei a somente viver, mas, qual vida? Essa não era a minha. Enquanto algumas desenvolviam o ávido gosto pelo prosseguir, ela apenas "seguia". Um querer que não tinha bem-querer. A ronda permanente da sequência dos dias, sem mudanças, sem esperanças, um cenário de permanência no pouco que havia frutificado. A insuficiência do desenvolvimento para mim, era uma eloquência para os demais. Escreve bem, fala bem, se comporta bem, e assim, não precisaria de mais nada. A quem é dado o direito de se achar completo? Mereceria um trilhar, um sentir dos que a rodeiam, ao mesmo tempo em que se percebia  inserida em seu contexto próprio. Durou muito pouco, rapidamente perdeu-se. Retirada a alegria pelo simples gosto de alguém que queria presenciar o fim. Este o conheceu da maneira mais trágica.
   Eu não queria empurrar os dias. Sonhava por fazer de cada um deles um espetáculo. E ainda sonho. Ainda insisto. Porque hoje entendo que era necessário ter passado por tudo aquilo. Eu dependia de muitas coisas, agora aprendi a ser sozinha. Negava de todas as maneiras a infelicidade que havia tomado conta de mim, mas agora encontrei o conforto almejado. Deus existe, e me quer perto...somente Ele.