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sábado, 30 de abril de 2011

Há Tempo



Não sei onde se esconde a minha alma. Eu nem ao menos sabia que papéis com letras poderiam se transformar em janelas, que chegam aos confins dos seres, e após isto se abrem a um mistério intrigante: o de sentir-se como um ser único e vivente, mas que clama por felicidade. Eu não posso ouvir comparações ou histórias alheias, porque elas não serviriam para mim, mas sou movida por estes casos. Há quem diga que não se pode ser comparado, mas se não o formos, nos tornamos objeto ilusório, dissociado e capaz de transpor barreiras que não nos levarão a lugar algum. Eu queria sim, ser comparada todos os dias, aos grandes filósofos da antiguidade e vida contemporânea. Porque são deles que fui feita. Foram de seus questionamentos que passei a entender porque existo e para onde vou. Assola-me o medo, de conseguir pensar em um mundo melhor e mais justo, mas que precisará sucumbir até ressurgir. Eu não queria me infiltrar neste problema. E quantas mazelas restarão para serem salvas depois disto. Eu nem consigo calculá-las. Resta-me angústia, incerteza, sofreguidão, destruição... de novo, de novo. Um carro corre, gritos de terror, uma criança chora, um sino toca. É chegada a hora. Esse é o momento. Estou pronta, e não posso parar. Deus me chama.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Prefácio: Noções da Vida



Minha inspiração para a construção deste livro foi alcançada com uma permanente curiosidade sobre o desenrolar da vida. Há algum tempo me interesso pelas questões existenciais humanas, a ponto de, quando ainda criança, olhar minha imagem refletida no espelho e pensar: “Um dia morrerei, e para onde irei?”.

Parece até irreal, mas minha mentalidade durante a infância funcionava como a de uma filósofa em potencial. Minhas brincadeiras giravam em torno de papéis encantados, como o de querer formular poções mágicas que, certamente, serviriam para o alcance da vida eterna, ou simplesmente, para minimização do sofrimento Terreno.
Caracterizar o que me motivou, até agora, para a incansável busca dos meus sonhos é quase um desafio. Colocar no papel descrições de sentimentos e desejos pessoais é algo surreal. Nem mesmo os estudiosos da filosofia, teologia, psicologia, psiquiatria e demais ciências da mente são capazes de traduzir o que fortalece as ações humanas.
O estudo do comportamento é o mais intrigante em minha jornada. Sempre comentava com meus amigos que o guardava dentro de um “baú de tesouros”. Encontrar os caminhos que me levariam a estudar tais mistérios (encontrar o baú) não foi tão complexo. A meu ver, difícil mesmo foi achar a chave certa. Aquela que me conduziria a entender a Ciência do Impossível.
Quando concluí o curso de Enfermagem, iniciei uma fase da vida que tudo a meu redor me fazia sentir a própria Mulher-Maravilha. Não encontrava um obstáculo sequer, nem incertezas nos caminhos. Passei a atuar com ousadia, coragem, esperança, amor e, acima de tudo, fé no impossível. Percebi que com tais atitudes meus desejos se transformariam em objetivo fixo, revigorado. Passaria a ser fato incontestável em meu eu interior. O poder do querer é sim, a Ciência do Impossível.
E quantos pelo mundo afora já se esqueceram de sonhar, de buscar o impossível? Enquanto forem perpetuadas as vontades humanas benignas; enquanto um deseje amar o outro; enquanto um sinta prazer em transpor barreiras; enquanto um salte abismos de desafios; enquanto um lute pela vida; enquanto um faça palhaçadas para ganhar um sorriso; enquanto um crie uma nova melodia; enquanto um movimente centenas de outros em prol de um ideal; enquanto um faça outro perder o medo do escuro; enquanto um estiver inquieto, pensando no que fazer para melhorar o mundo amanhã; aí estará a harmonia vital. Vitalidade. Ser vivo. E estar vivo é acreditar que tudo se pode, se tiverdes fé.
Viver é escolha. E escolher viver nos põe em uma condição de saber o que nos motiva a levantar todos os dias pela manhã. É fácil seguir o curso natural das coisas, e se colocar em um lugar que nada mais precisa ser feito. É fácil ouvir os que já viveram bastante, e se sentir satisfeito em copiar seus trabalhos, ou simplesmente deixar que a vida se encarregue de colocar-lhe em uma condição favorável. São opções. Mas, me parece conveniente buscarmos um caminho diferente, um caminho que sobrepõe toda a satisfação do corpo biológico. Eu escolho esse novo trajeto. A busca pelo sentido existencial, pela motivação de apenas ser vivo.