Minha inspiração para a criação
deste blog foi oriunda de uma permanente curiosidade sobre o desenrolar da
vida. Há algum tempo me interesso pelas questões existenciais humanas, a ponto
de, quando ainda criança, ter o impulso de olhar minha imagem refletida no espelho e pensar: “Um
dia morrerei, e para onde irei?”.
Parece surreal, mas minha
mentalidade durante a infância funcionava como a de uma filósofa em potencial. Minhas
brincadeiras giravam em torno de papéis encantados, como o de querer formular
poções mágicas que, certamente, serviriam para o alcance da vida eterna, ou
simplesmente, para minimização do sofrimento Terreno.
Caracterizar o que me motivou, até
agora, para a incansável busca dos meus sonhos é quase um desafio. Colocar no
papel descrições de sentimentos e desejos pessoais é algo inestimável. Nem mesmo os
estudiosos da filosofia, teologia, psicologia, psiquiatria e demais ciências da
mente são capazes de traduzir o que fortalece as ações humanas.
O estudo do comportamento é o mais intrigante
em minha jornada. Sempre comentava com meus amigos que o guardava dentro de um
“baú de tesouros”. Encontrar os caminhos que me levariam a estudar tais
mistérios (encontrar o baú) não foi tão complexo. A meu ver, difícil mesmo foi
achar a chave certa. Aquela que me conduziria a entender a Ciência do
Impossível.
Quando concluí o curso de Enfermagem, iniciei
uma fase da vida que tudo a meu redor me fazia sentir a própria cientista.
Não encontrava um obstáculo sequer, nem incertezas nos caminhos. Passei a atuar
com ousadia, coragem, esperança, amor e, acima de tudo, fé no impossível.
Percebi que com tais atitudes meus desejos se transformariam em objetivo fixo,
revigorado. Passaria a ser fato incontestável em meu eu interior. O poder do querer é sim, a Ciência do
Impossível.
E quantos pelo mundo afora já se esqueceram de
sonhar, de buscar o impossível? Enquanto forem perpetuadas as vontades humanas benignas;
enquanto um deseje amar o outro; enquanto um sinta prazer em transpor
barreiras; enquanto um salte abismos de desafios; enquanto um lute pela vida;
enquanto um faça palhaçadas para ganhar um sorriso; enquanto um crie uma nova melodia;
enquanto um movimente centenas de outros em prol de um ideal; enquanto um faça
outro perder o medo do escuro; enquanto um estiver inquieto, pensando no que
fazer para melhorar o mundo amanhã; aí estará a harmonia vital. Vitalidade. Ser
vivo. E estar vivo é acreditar que tudo se pode, se tiverdes fé.
Viver é escolha. E escolher viver nos
põe em uma condição de saber o que nos motiva a levantar todos os dias pela
manhã. É fácil seguir o curso natural das coisas, e se colocar em um lugar que
nada mais precisa ser feito. É fácil ouvir os que já viveram bastante, e se
sentir satisfeito em copiar seus trabalhos, ou simplesmente deixar que a vida
se encarregue de colocar-lhe em uma condição favorável. São opções. Mas, me
parece conveniente buscarmos um caminho diferente, um caminho que sobrepõe toda
a satisfação do corpo biológico. Eu escolho esse novo trajeto. A busca pelo
sentido existencial, pela motivação de apenas ser vivo.
A teoria das necessidades humanas
básicas de Maslow determina como a pessoa se move na vida, desde o
preenchimento das necessidades básicas até os níveis mais superiores, com meta
final de integrar o funcionamento humano e obter a completa saúde. Este aspecto
é pilar fundamental da Enfermagem e direciona todo o seu trabalho.
Partindo deste conceito, resolvi
entender, com mais profundidade, a teoria de Maslow, pois desde que a conheço
acredito que seus argumentos são a base para a felicidade humana. A teoria das
necessidades humanas básicas surgiu de uma percepção clara sobre o que nos
torna satisfeitos, e o que fazemos quando esta satisfação não é alcançada.
Existe uma hierarquia, níveis de
prioridades para aquilo que desejamos. A fome, por exemplo, é uma sensação
primária. Não conseguimos desempenhar nenhuma outra tarefa se não nos
alimentamos adequadamente. É nossa reserva energética que precisa ser mantida.
Poderíamos citar também os cuidados relacionados à higiene corporal,
necessidade de sono, e tantos outros que, do ponto de vista físico, não
poderiam jamais serem deixados de lado.
Os níveis seguintes, citados por
Maslow, envolvem a segurança ou seguridade; pertencimento e afeição; estima e
auto-respeito; e a auto-realização. Pode-se observar que estes quatro níveis
restantes não poderiam existir se o indivíduo vivesse em um total isolamento.
Diga-se de passagem, que a necessidade fisiológica é instintiva, e nos mantém
apenas vivos, diferentemente das necessidades superiores anteriormente
mencionadas, que nos impulsionam à felicidade.
Chegamos ao propósito deste blog.
Como alcançar durante nossa curta e intensa trajetória todos os níveis
esquematizados por Maslow? De que forma a sociedade contemporânea interfere
nessa busca? Existem pessoas felizes apenas por estarem com os pés nos
primeiros degraus da hierarquia, ou idealizam o alcance da auto-realização
pessoal? Chegar ao topo é utopia ou fato incontestável? Basta acreditarmos, e
nos engajarmos na assimilação de algumas técnicas, que formam o leque das
noções da vida.