Powered By Blogger

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Palavras

     

   

     Há muitos anos que uma folha em branco consegue me deixar feliz. Posso dizer que o concreto que existe na alma do homem tem o poder de se manifestar em um espaço do papel. Sinto falta do tempo em que havia uma perfeita ligação entre os sentidos e as idéias, pois, uma vez distante do fascínio de míseras coisas que nos distanciam do ponto de equilíbrio universal, é fácil nos deixar envolver pela luz que nos encoberta. Entretanto, eu me permito ignorar esse lado ideológico das palavras. Elas não são fascículos de uma coletânea a mostra, a ser lida com perfeita retidão. Devem em quando trazer um pouco de lamúrio, silencioso, porém reconfortante.
       Mesmo assim, é fácil gostar das palavras. Regadas de singeleza ou de discórdia, elas conseguem exaltar o que existe de mais benevolente no expressar de um homem. Invadem a calma, nutrem o âmago ou, em contraste, aniquilam com o entusiasmo. Plenitude de vida é, exatamente, dar continuidade à essência boa que persiste em cada um, transpondo o emprego desmedido de palavras absortas.

A Palavra

O gérmen amadurece no seu corpo nascente.
Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo.
Move-se aqui e agora entre contornos vivos.
Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do universo.
Na sua simplicidade terrestre há um ardor soberano.

António Ramos Santos
            
         

Nenhum comentário:

Postar um comentário